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O Sangue do Olimpo - CAP. LIV

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo LIV - Nico

NO DIA SEGUINTE, NÃO HAVIA muitas respostas.
Depois da explosão, Piper e Jason, em queda livre e inconscientes, foram apanhados em pleno ar por águias gigantes e levados para um local seguro, mas Leo desapareceu. O chalé de Hefesto inteiro fez buscas no vale e encontrou restos do casco destruído do Argo II, mas nenhum sinal nem do dragão Festus nem de seu mestre.
Todos os monstros foram destruídos ou expulsos. As baixas gregas e romanas foram muitas, mas nem de perto tão numerosas quanto poderiam ter sido.
À noite, os sátiros e as ninfas desapareceram na mata para uma reunião do Conselho dos Anciãos de Casco Fendido. Pela manhã, Grover Underwood reapareceu para anunciar que eles não podiam sentir a presença da Mãe Terra. A natureza estava mais ou menos de volta ao normal. Aparentemente, o plano de Jason, Piper e Leo tinha funcionado.
Gaia havia sido separada de sua fonte de poder, levada a dormir pelo charme de Piper e depois desintegrada pela explosão combinada do fogo de Leo e do cometa improvisado de Octavian.
Imortais não morriam, mas agora Gaia seria como seu marido, Urano. A terra continuaria a funcionar normalmente, assim como o céu, mas agora o poder de Gaia estava tão disperso que nunca mais poderia voltar a formar uma consciência.
Ou pelo menos assim eles esperavam...
Octavian seria lembrado por ter salvado Roma ao se lançar ao céu em uma bola de chamas mortal. Mas Leo Valdez é quem havia feito o verdadeiro sacrifício.
A celebração da vitória no acampamento foi embotada pelo pesar – não só por Leo, mas também pelos muitos outros que morreram em batalha. Semideuses envoltos em mortalhas, gregos e romanos, foram queimados na fogueira do acampamento. Quíron pediu a Nico que cuidasse dos ritos funerários.
O garoto concordou imediatamente. Era bom ter a oportunidade de homenagear os mortos. Ele nem se incomodou com as centenas de espectadores.
A parte mais difícil veio depois, quando Nico e os seis semideuses do Argo II se encontraram no pórtico da Casa Grande.
Jason estava cabisbaixo. Até seus óculos pareciam melancólicos.
— Era para estarmos lá. Podíamos ter ajudado Leo.
— Não é justo — concordou Piper, secando as lágrimas. — Tanto trabalho para conseguir essa cura do médico, e para nada.
Hazel irrompeu no choro.
— Piper, pegue a cura.
Surpresa, Piper levou a mão ao bolso do cinto e pegou o embrulho. Quando o abriu, porém, estava vazio.
Todos os olhos se viraram para Hazel.
— Como? — perguntou Annabeth.
Frank passou o braço em torno de Hazel.
— Em Delos, Leo implorou para que o ajudássemos.
Em meio às lágrimas, Hazel explicou que tinha trocado a cura do médico por uma ilusão, um truque da Névoa, para que Leo pudesse ficar com o frasco de verdade. Frank contou a eles sobre o plano de Leo: destruir Gaia quando ela estivesse enfraquecida com uma enorme explosão de fogo. Depois da conversa com Nice e Apolo, Leo estava convencido de que uma explosão desse tipo seria capaz de aniquilar qualquer mortal em um raio de quinhentos metros, por isso sabia que teria que se afastar de todo mundo.
— Ele queria fazer isso sozinho — disse Frank. — Achava que havia uma chance mínima de sobreviver ao fogo, por ser filho de Hefesto, mas se houvesse outra pessoa junto... Ele disse que Hazel e eu, como romanos, entenderíamos a ideia de sacrifício. Mas que vocês nunca aceitariam.
No início, os outros demonstraram raiva, como se fossem começar a gritar e jogar objetos na parede, mas, à medida que Frank e Hazel falavam, a fúria do grupo pareceu se dissipar. Era difícil ficar com raiva de Frank e Hazel quando os dois estavam chorando. Além disso... aquilo era exatamente o tipo de plano sorrateiro, perverso e ridiculamente irritante e nobre que Leo Valdez faria.
Por fim, Piper emitiu um som que ficava entre um soluço de choro e um riso.
— Se ele estivesse aqui agora, eu mataria aquele garoto. Como ele pretendia tomar a cura? Ele estava sozinho!
— Talvez ele tenha encontrado um jeito — disse Percy. — Estamos falando de Leo. Ele pode voltar a qualquer minuto. Aí faremos fila para estrangulá-lo.
Nico e Hazel trocaram olhares. Os dois sabiam que isso não ia acontecer, mas não disseram nada.

* * *

No dia seguinte, o segundo desde a batalha, romanos e gregos trabalhavam lado a lado para limpar a zona de guerra e cuidar dos feridos. Blackjack se recuperava muito bem do ferimento. Guido tinha decidido adotar Reyna como sua humana. Muito a contragosto, Lou Ellen concordou em transformar seus leitõezinhos de estimação em romanos outra vez.
Will Solace não falava com Nico desde aquele momento junto ao onagro, no dia da batalha em si. O filho de Apolo passava a maior parte do tempo na enfermaria, mas sempre que Nico o via correndo pelo acampamento para buscar mais material médico ou visitar algum semideus ferido em seu chalé, sentia uma pontada estranha de melancolia. Sem dúvida Will Solace agora o via como um monstro, por ter deixado Octavian se matar.
Os romanos tinham se instalado provisoriamente perto dos campos de morango, onde insistiram em montar seu acampamento militar padrão. Os gregos foram ajudá-los a erguer os muros de terra e cavar os fossos.
Nico nunca tinha visto nada mais estranho e, ao mesmo tempo, tão legal. Dakota compartilhava seu refresco açucarado com os campistas do chalé de Dioniso; os filhos de Hermes e Mercúrio riam, contavam histórias e roubavam descaradamente coisas de praticamente todo mundo; Reyna, Annabeth e Piper eram agora um trio inseparável, circulando pelo acampamento para verificar o andamento dos reparos; Quíron, acompanhado por Frank e Hazel, inspecionava as tropas romanas e as elogiava por sua bravura.
Quando chegou a noite, o clima geral tinha melhorado um pouco. O salão de refeições nunca havia ficado tão lotado. Os romanos foram recebidos como velhos amigos. O treinador Hedge circulava entre os semideuses, exultante com o filho recém-nascido no colo, dizendo:
— Ei, querem conhecer o Chuck? Este é o meu garoto, Chuck!
As meninas de Afrodite e Atena ficavam todas bobas em torno do pequeno bebê sátiro enfezado que agitava os punhos gorduchos, esperneava os casquinhos e balia:
— Béééééé! Béééééé!
Clarisse, que tinha sido escolhida como madrinha do menino, seguia atrás do treinador como um guarda-costas, volta e meia murmurando:
— Ok, ok, deem um pouco de espaço para a criança.
Na hora dos anúncios e informes, Quíron se adiantou e ergueu seu cálice.
— De toda tragédia — começou ele — surge renovada força. Hoje, agradecemos aos deuses por esta vitória. Aos deuses!
Todos os semideuses brindaram, mas o entusiasmo que demonstravam parecia desbotado. Nico compreendia aquele sentimento: Salvamos os deuses de novo e agora devemos agradecer a eles?
Então Quíron acrescentou:
— E aos novos amigos!
— AOS NOVOS AMIGOS!
Centenas de vozes de semideuses ecoaram pelas colinas.
Em torno da fogueira, ninguém tirava os olhos das estrelas, como se esperassem que Leo voltasse em uma espécie de surpresa de última hora. Quem sabe ele não surgisse no céu, pulasse das costas de Festus e começasse a contar piadas infames? Mas não aconteceu.
Depois de algumas canções, Reyna e Frank foram chamados à frente para receberem uma retumbante salva de palmas, tanto de gregos quanto de romanos. No alto da Colina Meio-Sangue, a Atena Partenos reluzia ainda mais sob o luar, como se sinalizasse Tudo deu certo no final.
— Amanhã — disse Reyna — nós, romanos, voltaremos para casa. Agradecemos pela hospitalidade, ainda mais considerando que quase matamos vocês...
— Nós é que quase matamos vocês — corrigiu Annabeth.
— Sei.
Uuuuuuuhhhhhhh, fez a multidão em uma só voz, em zombaria. Então todos começaram a rir e a se empurrar. Até Nico teve que abrir um sorriso.
— Enfim — disse Frank, assumindo a palavra. — Reyna e eu concordamos que isso marca uma nova era de amizade entre os acampamentos.
Reyna deu um tapinha nas costas dele.
— Isso mesmo. Por centenas de anos os deuses tentaram nos separar, para evitar que entrássemos em guerra. Mas existe uma forma melhor de se manter a paz: pela cooperação.
Piper se levantou do meio da plateia.
— Tem certeza de que sua mãe é a deusa da guerra?
— Tenho, McLean — disse Reyna. — Ainda pretendo lutar muitas batalhas. Mas, a partir de agora, vamos fazer isso juntos!
Muitos aplausos.
Frank levantou a mão, pedindo silêncio.
— Todos vocês serão bem-vindos no Acampamento Júpiter. Fizemos um acordo com Quíron, de um intercâmbio livre entre os acampamentos: visitas nos fins de semana, programas de treinamento e, é claro, ajuda de emergência em casos de necessidade...
— E quanto a festas? — perguntou Dakota.
— Isso mesmo! Festas! — exclamou Connor Stoll, em apoio.
Reyna abriu os braços.
— Mas isso a gente nem precisa falar. Nós, romanos, inventamos as festas.
Mais um grande Uuuuuuuhhhhhhh.
— Bom, obrigada — concluiu Reyna. — A todos vocês. Nós podíamos ter escolhido ódio e guerra. Em vez disso, encontramos aceitação e amizade.
Então Reyna fez algo tão inesperado que Nico mais tarde achou que tinha sido apenas um sonho. Ela foi até Nico, que, como sempre, estava parado um tanto afastado do grupo, nas sombras. Reyna o pegou pela mão e o puxou carinhosamente para a luz da fogueira.
— Nós tínhamos um lar — disse ela. — Agora, temos dois.
E deu um forte abraço em Nico. A multidão deu vivas e aplaudiu em grande balbúrdia. Pela primeira vez, Nico não teve vontade de se afastar.
Ele afundou o rosto no ombro de Reyna e tentou segurar as lágrimas.

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