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O Sangue do Olimpo - CAP. LV

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo LV - Nico

NAQUELA NOITE, NICO DORMIU NO chalé de Hades.
Ele nunca havia tido vontade de se instalar ali, mas agora dividia o local com Hazel, o que fazia toda a diferença.
Viver novamente com uma irmã o deixava feliz, mesmo que fosse apenas por alguns dias – e mesmo com Hazel insistindo em dividir o chalé com lençóis para ter mais privacidade no seu lado do quarto, de forma que o lugar ficava parecendo uma área de quarentena.
Pouco antes do toque de recolher, Frank chegou para visitar Hazel. Os dois passaram alguns minutos conversando aos sussurros.
Nico tentou ignorá-los. Ficou se espreguiçando em seu beliche, que mais parecia um caixão: todo em mogno polido com barras de latão na cabeceira, além de travesseiros e cobertores de veludo em tom vermelho-sangue. Nico não tinha acompanhado a construção daquele chalé. Se tivesse, nunca teria sugerido aquelas camas. Pelo visto alguém ali achava que os filhos de Hades eram vampiros, não semideuses.
Então Frank bateu na parede junto à cama de Nico.
Nico ergueu o olhar. Frank agora estava muito alto. Parecia tão... romano.
— Ei — disse Frank. — Vamos partir pela manhã. Eu só queria agradecer.
Nico ergueu o corpo.
— Você se saiu muito bem, Frank. Foi uma honra.
Frank sorriu.
— Sinceramente, estou meio surpreso por ter sobrevivido. Toda aquela coisa de graveto mágico...
Nico assentiu. Hazel tinha contado a ele sobre o pedaço de lenha que controlava a linha da vida de Frank. Nico entendeu como um bom sinal o fato de que agora Frank conseguisse falar abertamente sobre o assunto.
— Não posso ver o futuro — disse Nico — mas geralmente sei quando as pessoas estão perto da morte. Você não está. Não sei quando aquele pedaço de lenha vai terminar de queimar. Chega um momento em que a lenha acaba para todos nós. Mas vai demorar, pretor Zhang. Você e Hazel... vocês ainda têm muitas aventuras a viver. Estão apenas começando. Cuide bem da minha irmã, ouviu?
Hazel se aproximou de Frank e entrelaçou a mão na dele.
— Não venha ameaçar meu namorado, hein!
Era algo bom de se ver, os dois tão à vontade juntos. Mas Nico sentiu também uma pontada no coração; uma dor fantasma, como um velho ferimento de guerra latejando por conta do frio.
— Não tem por que ameaçar Frank. Ele é um cara legal. Ou um urso legal. Ou um buldogue legal. Ou...
— Ah, pare com isso — Hazel ria. Ela deu um beijo em Frank. — Vejo você de manhã.
— Ok. Nico... Tem certeza de que não vem com a gente? Você sempre vai ter um lugar em Nova Roma.
— Obrigado, pretor. Reyna me disse o mesmo. Mas... não.
— Espero ver você de novo.
— Ah, vai me ver sim — prometeu Nico. — Vou ser padrinho do casamento de vocês, não é?
— Hum...
Frank ficou sem graça, limpou a garganta e foi embora, esbarrando no batente da porta ao sair.
Hazel cruzou os braços.
— Você tinha que provocá-lo com isso.
Ela se sentou na cama do irmão. Durante um tempo os dois apenas ficaram ali, em um silêncio confortável... Irmãos, filhos do passado, filhos do Mundo Inferior.
— Vou sentir saudade de você — disse Nico.
Ela inclinou o corpo para apoiar a cabeça no ombro dele.
— E eu de você, meu irmão. Você vai me visitar.
Ele deu um tapinha na nova medalha de oficial que brilhava na camisa dela.
— Centuriã da Quinta Coorte. Parabéns. Não existe nenhuma regra contra centuriões namorarem pretores?
— Shhh. — Fez Hazel. — Vai dar muito trabalho fazer a legião voltar a entrar em forma, consertar os estragos que Octavian causou. Regras de namoro vão ser o menor dos meus problemas.
— Você cresceu muito. Não é a mesma menina que eu levei para o Acampamento Júpiter. Seu poder com a Névoa, sua confiança...
— Tudo graças a você.
— Não. Conseguir uma segunda chance é uma coisa; o difícil é fazê-la valer a pena.
Assim que disse isso, Nico percebeu que podia estar falando também de si mesmo. Mas decidiu guardar para si essa observação.
Hazel deu um suspiro.
— Uma segunda chance. Eu só queria que...
Ela não precisou concluir seu pensamento. Fazia dois dias que o desaparecimento de Leo vinha pairando como uma nuvem sobre todo o acampamento. Hazel e Nico evitaram se juntar ao coro de especulações sobre o que tinha acontecido com ele.
— Você sentiu a morte dele, não sentiu? — perguntou Hazel, em uma voz tímida. Seus olhos estavam marejados.
— Sim — admitiu Nico. — Mas não sei. Alguma coisa dessa vez foi... diferente.
— É impossível que ele tenha conseguido usar a cura do médico. Não sobrou nada daquela explosão, não tem como. Eu achei... achei que estivesse ajudando Leo. Estraguei tudo.
— Não. Não é sua culpa.
Mas Nico não estava pronto nem para perdoar a si próprio. Havia passado as últimas quarenta e oito horas revendo a cena com Octavian junto à catapulta, sem saber se havia feito mesmo a coisa certa. Talvez o projétil, com seu poder explosivo, tivesse ajudado a destruir Gaia. Ou talvez tivesse custado desnecessariamente a vida de Leo Valdez.
— Eu só queria que Leo não tivesse morrido sozinho — murmurou Hazel. — Não tinha ninguém com ele, ninguém para dar a ele aquela cura. Não temos nem um corpo para enterrar...
Ela não conseguiu continuar. Nico a abraçou.
Hazel chorou nos braços dele. Até que, por fim, dormiu de exaustão. Nico a ajeitou ali na própria cama e lhe deu um beijo na testa. Depois foi até o santuário de Hades, uma mesinha no canto decorada com ossos e joias.
— Para tudo há uma primeira vez — disse ele.
Então se ajoelhou e rezou em silêncio pela orientação do pai.

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