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O Sangue do Olimpo - CAP. LVII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo LVII - Piper

PIPER BEM QUE GOSTARIA DE poder usar o charme para fazer a si mesma dormir.
Aquilo podia ter funcionado com Gaia, mas Piper mal conseguira pregar os olhos nas últimas duas noites.
Os dias eram ótimos. Ela adorava passar o tempo com Lacy e Mitchell e os outros filhos de Afrodite. Até sua segunda em comando, a chata Drew Tanaka, parecia aliviada, provavelmente porque podia deixar Piper cuidando das coisas e assim ter mais tempo para fofocar e fazer tratamentos de beleza no chalé.
Piper se mantinha ocupada ajudando Reyna e Annabeth a coordenar gregos e romanos. Para surpresa de Piper, as duas garotas valorizavam suas habilidades como intermediária para apaziguar qualquer conflito – que não eram muitos, mas Piper conseguiu devolver alguns elmos romanos que tinham misteriosamente ido parar na loja do acampamento.
Ela também evitou uma briga entre os filhos de Marte e os filhos de Ares sobre a melhor maneira de matar uma hidra.
Na manhã prevista para a partida dos romanos, Piper estava sentada no cais do lago de canoagem, tentando aplacar as náiades. Algumas delas achavam que os romanos eram tão bonitos que elas também queriam partir para o Acampamento Júpiter. As náiades exigiam um aquário gigante e portátil para viajarem para o oeste. Piper havia concluído as negociações quando Reyna a encontrou.
A pretora sentou-se ao lado dela no cais.
— Muito trabalho?
Piper soprou uma mecha de cabelo de sobre os olhos.
— Náiades podem ser difíceis, mas acho que chegamos a um acordo. Se elas ainda quiserem ir quando o verão acabar, aí vamos acertar os detalhes. Mas as náiades... hum... geralmente esquecem as coisas em cerca de cinco segundos.
Reyna passou a ponta dos dedos pela água.
— Às vezes eu queria esquecer as coisas rápido assim.
Piper observou o rosto da pretora. Reyna era uma semideusa que não parecia ter mudado durante a guerra contra os gigantes... pelo menos, não por fora. Ela ainda tinha o mesmo olhar forte e determinado, o mesmo rosto bonito e imponente. Usava sua armadura e seu manto roxo com a mesma naturalidade com que a maioria das pessoas usa short e camiseta.
Piper não conseguia entender como alguém conseguia suportar tanta dor, aguentar tanta responsabilidade sem fraquejar. Ela se perguntou se Reyna alguma vez já tivera alguém com quem pudesse se abrir.
— Você fez tanto... — disse Piper. — Pelos dois acampamentos. Sem você, nada disso teria sido possível.
— Todos nós tivemos um papel.
— Claro. Mas você... Eu só queria que você tivesse recebido mais crédito.
Reyna deu uma risada gentil.
— Obrigada, Piper. Mas eu não quero atenção. Você entende como é isso, não é?
Piper entendia. As duas eram muito diferentes, mas ela compreendia o desejo de não querer atrair atenção. Piper desejara o anonimato sua vida inteira, por causa da fama do pai, os paparazzi, as fotos e as histórias escandalosas na imprensa. Ela conhecia tanta gente que dizia: Ah, eu quero ser famoso! Seria maravilhoso! Mas essas pessoas não tinham ideia de como era na realidade. Ela vira o preço que era cobrado de seu pai. Piper não queria saber de nada daquilo.
Ela também podia entender a atração do estilo de vida romano: se misturar, fazer parte da equipe, trabalhar como uma peça de uma máquina bem-lubrificada. Mas mesmo assim Reyna tinha subido até o topo. Ela não podia ficar escondida.
— O poder da sua mãe... Você pode emprestar sua força para os outros?
Reyna contraiu os lábios.
— Nico lhe contou?
— Não. Eu apenas senti isso, observando você liderar a legião. Isso deve deixá-la esgotada. Como... como você recupera essa força?
— Quando eu recuperá-la, conto a você.
Ela disse isso como brincadeira, mas Piper sentiu a tristeza por trás das palavras.
— Você é sempre bem-vinda aqui. Se precisar descansar, se afastar... E agora você tem Frank, que pode assumir mais responsabilidades por um período. Ia lhe fazer bem tirar algum tempo para você, sem ter que atuar como pretora.
Os olhos de Reyna encontraram os dela, como se estivessem tentando avaliar a seriedade da oferta.
— Eu teria que cantar aquela música esquisita sobre como a vovó veste a armadura?
— Não, a menos que você queira muito. Mas talvez tenhamos que deixá-la de fora da captura da bandeira. Tenho a sensação de que você poderia encarar o acampamento inteiro sozinha e ainda nos derrotar.
Reyna deu um sorriso malicioso.
— Vou pensar na sua oferta. Obrigada.
Reyna ajeitou sua adaga, e, por um momento, Piper pensou na Katoptris, que agora estava trancada em seu baú no chalé. Desde Atenas, quando usara a arma para atingir o gigante Encélado, as visões tinham parado completamente.
— Será que... — disse Reyna. — Você é filha de Vênus. Quer dizer, de Afrodite. Talvez... talvez você consiga explicar uma coisa que sua mãe me disse.
— Estou honrada. Vou tentar, mas tenho que avisá-la: minha mãe não faz sentido para mim na maioria das vezes.
— Uma vez, em Charleston, Vênus me contou uma coisa. Ela disse: Você não vai encontrar amor onde deseja ou espera. Nenhum semideus vai curar seu coração. Eu... eu já pensei sobre isso por...
A emoção a fez ficar sem palavras.
Piper lutou contra a vontade de encontrar a mãe e socá-la. Ela odiava como Afrodite podia complicar a vida de uma pessoa apenas com uma conversa rápida.
— Reyna, não sei o que ela quis dizer, mas sei de uma coisa: você é uma pessoa incrível. Tem alguém aí fora para você. Talvez não seja um semideus. Talvez seja um mortal, ou... eu não sei. Mas, quando tiver que ser, será. E até lá, ei, você tem seus amigos. Muitos amigos, gregos e romanos. Como você é a fonte da força de todo mundo, às vezes pode esquecer que você também precisa buscar força nos outros. Eu estou aqui para o que precisar.
Reyna olhou para a outra margem do lago.
— Piper McLean, você tem jeito com as palavras.
— Não estou usando o charme, juro.
— Não é necessário — Reyna estendeu a mão. — Tenho a sensação de que vamos nos ver outra vez.
Elas apertaram as mãos, e, depois que Reyna foi embora, Piper soube que a outra tinha razão. Elas iam tornar a se ver, porque Reyna não era mais uma rival, não era mais uma estranha nem uma inimiga em potencial. Ela era uma amiga. Era família.

* * *

Naquela noite, o acampamento pareceu vazio sem os romanos. Piper já sentia saudade de Hazel. Sentia falta do ranger do Argo II e das constelações que o abajur projetava no teto de sua cabine no navio.
Deitada em seu beliche no chalé 10, ela se sentia tão inquieta que sabia que não ia conseguir dormir. Não parava de pensar em Leo. Repassava mentalmente, várias vezes, a luta contra Gaia, tentando descobrir como podia ter falhado tanto com Leo.
Por volta das duas da madrugada, ela desistiu de tentar dormir. Sentou-se na cama e olhou pela janela. O luar deixava a floresta prateada. A brisa trazia os cheiros da maresia e das plantações de morango. Ela não podia acreditar que apenas alguns dias antes a Mãe Terra havia despertado e quase destruído tudo o que Piper amava.
Aquela noite parecia tão pacífica... tão normal.
Toc, toc, toc.
Piper quase bateu com a cabeça no beliche de cima. Jason estava do outro lado da janela, batendo no vidro. Ele sorria.
— Venha.
— O que está fazendo aqui? — sussurrou ela. — Já passou do horário de recolher. As harpias da patrulha vão destroçar você!
— Venha logo.
Com o coração acelerado, ela segurou a mão dele e saiu pela janela.
Ele a levou até o chalé 1, e eles entraram. Lá dentro, a estátua enorme do Zeus Hippie reluzia à luz fraca.
— Jason, o que exatamente...?
— Veja. — Ele apontou para uma das colunas de mármore que circundavam a câmara. Atrás dela, quase escondidos contra a parede, havia degraus de ferro: uma escada. — Não posso acreditar que não percebi isso antes. Espere só até ver!
Ele começou a subir. Piper não sabia por que se sentia tão nervosa, mas suas mãos tremiam. Ela o seguiu. No alto, Jason abriu uma portinhola.
Eles saíram em uma área plana com vista para o norte, ao lado do teto abobadado. O Estreito de Long Island se estendia até o horizonte. Eles estavam em um ponto tão alto, e em tal ângulo, que ninguém lá embaixo tinha a menor possibilidade de enxergá-los. As harpias da patrulha nunca voavam àquela altura.
— Veja.
Jason apontou para as estrelas, que pareciam uma explosão de diamantes no céu, joias mais bonitas do que até Hazel Levesque poderia invocar.
— Lindo — Piper se aconchegou em Jason, que a envolveu com o braço. — Mas você não vai arranjar problemas por isso?
— E daí?
Piper riu baixinho.
— Quem é você?
Ele se virou. Seus óculos reluziam em um tom bronze pálido sob as estrelas.
— Jason Grace. É um prazer conhecê-la.
Ele a beijou, e... tudo bem, eles já haviam se beijado antes. Mas aquele beijo foi diferente. Piper se sentiu como uma torradeira. Todas as suas resistências ficaram vermelhas de calor. Se esquentassem mais, ela ia começar a cheirar a pão queimado.
Jason se afastou apenas o suficiente para olhá-la nos olhos.
— Aquela noite na Escola da Vida Selvagem, nosso primeiro beijo sob as estrelas...
— A lembrança — disse Piper. — Aquele que nunca aconteceu.
— Bem... agora é de verdade. — Ele fez o gesto para se proteger do mal, o mesmo que tinha usado para libertar o fantasma da mãe, e o lançou para o céu. — A partir de agora, estamos escrevendo nossa própria história, com um novo começo. E acabamos de dar nosso primeiro beijo.
— Tenho medo de dizer isso depois de apenas um beijo — disse Piper. — Mas, pelos deuses do Olimpo, eu amo você.
— Também amo você, Pipes.
Ela não queria estragar o momento, mas não conseguia parar de pensar em Leo, e em como ele nunca poderia ter um novo começo.
Jason deve ter percebido algo em sua expressão.
— Ei — disse ele. — Leo está bem.
— Como você pode acreditar nisso? Ele não tinha a cura. Nico confirmou que ele morreu.
— Uma vez você despertou um dragão só com a voz — lembrou-a Jason. — Você acreditou que o dragão deveria estar vivo, certo?
— Certo, mas...
— Temos que acreditar em Leo. Ele não ia morrer assim tão fácil. Ele é um cara durão.
— É verdade — Piper tentou acalmar o coração. — Então nós acreditamos. Leo tem que estar vivo.
— Lembra-se daquela vez em Detroit, quando ele esmagou Ma Gasket com um motor?
— Ou aqueles anões em Bolonha. Leo acabou com eles com explosivos caseiros, feitos de pasta de dente.
— McManeiro — disse Jason.
— Bad boy supremo — lembrou Piper.
— Chefe Leo, o especialista em tacos de tofu.
Eles riram e ficaram relembrando histórias sobre Leo Valdez, seu melhor amigo. Ficaram no telhado até amanhecer, e Piper começou a acreditar que eles podiam ter um novo começo. Talvez fosse até possível contar uma história diferente, em que Leo ainda estivesse por aí. Em algum lugar...

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